
Atlas da Notícia revela que o rádio é o segmento jornalístico mais presente em Goiás, à frente da mídia online
Etapa estadual da pesquisa foi coordenada pelo Grupo de Pesquisa em Tecnologias, Cultura e Cidadania para a Comunicação do Amanhã (TeCCCA), da UFG
A 7ª edição da pesquisa Atlas da Notícia, realizada no primeiro semestre de 2025, revelou que o rádio é o meio de comunicação predominante entre os veículos jornalísticos em Goiás. Entre as 577 iniciativas mapeadas no estado, 294 são emissoras de rádio, seguidas por 131 jornais impressos, 111 veículos online e 41 emissoras de televisão. Esse padrão, presente em todo o Centro-Oeste, revela a força histórica e cultural do rádio, especialmente em municípios do interior e em regiões com acesso limitado à internet.
Os dados também revelam que houve redução nos chamados “desertos de notícias", que são os municípios onde não há veículos jornalísticos locais. Cinco municípios goianos deixaram de ser classificados como desertos de notícias e agora contam com pelo menos um veículo jornalístico ativo: Cavalcante, Goiandira, Petrolina de Goiás, Portelândia e Professor Jamil. Por outro lado, a cidade de Ouro Verde de Goiás entrou na lista de desertos nesta edição.
TeCCCA coordenou etapa regional
O Atlas da Notícia é uma iniciativa do Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor), mantenedor do Observatório da Imprensa, em parceria com a agência de dados Volt Data Lab, que conta com a colaboração de universidades e voluntários para construir uma base de dados aberta e representativa do jornalismo brasileiro. Em Goiás, o levantamento foi coordenado pelo Grupo de Pesquisa em Tecnologias, Cultura e Cidadania para a Comunicação do Amanhã (TeCCCA), da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal de Goiás (FIC/UFG), com participação dos projetos de extensão Observatório Jornalístico Universitário (OJÚ), Ciência na Real (CNR) e Intercomunicação.
A professora do curso de Jornalismo, Gabriela Marques, do TeCCCA, avalia que o Atlas da Notícia ajuda a compreender as desigualdades informacionais no Brasil. “O Atlas é uma fotografia de como a produção e o acesso à informação é desigual no país, sendo um reflexo de tantas outras desigualdades que acontecem no Brasil”, afirmou. Para ela, o levantamento também aponta regiões com potencial de investimento e suscita reflexões sobre os modelos de financiamento do jornalismo.
Gabriela Marques destacou ainda a redução dos desertos de notícias como um avanço. “Apesar do grande número de desertos que ainda persiste, sua redução significa que novas iniciativas estão surgindo e que, no interior do Brasil, elas acabam afetando as cidades vizinhas também”, ressaltou. A professora lembrou, contudo, que muitas dessas iniciativas são online e individuais, o que as torna mais vulneráveis. Sobre o papel do rádio, enfatizou: “A facilidade no acesso ao rádio, que não depende de boas conexões de internet, mostra o potencial deste veículo para receber mais apoio e investimento na produção de notícias”, reiterou. Os dados do levantamento estão disponíveis no site do Atlas da Notícia.
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